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Julho das Pretas: MPBA promove encontro no quilombo Quingoma e ouve demandas da comunidade

O Ministério Público do Estado da Bahia e o o Instituto Juristas Negras (IJN) promoveram, no sábado (26), o evento ‘Encruzilhada de Saberes: encont...

28/07/2025 16h07
Por: Redação
Fonte: MP - BA
Foto: Reprodução/MP - BA
Foto: Reprodução/MP - BA

O Ministério Público do Estado da Bahia e o o Instituto Juristas Negras (IJN) promoveram, no sábado (26), o evento ‘Encruzilhada de Saberes: encontros preciosos do ontem, do hoje e do amanhã’, no Quilombo Quingoma, no município de Lauro de Freitas. A iniciativa envolveu debates sobre a valorização das mulheres negras, a ancestralidade e o fortalecimento das comunidades tradicionais. O encontro fez parte da programação do ‘Julho das Pretas’, agenda que reúne movimentos de mulheres negras em todo o país para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. A data também homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola símbolo da resistência negra no século XVIII. O evento integra ainda o projeto do MPBA ‘Mãe Bernardete’, que visa mapear demandas das comunidades tradicionais baianas, a exemplo das populações quilombolas, indígenas e ciganas, e transformá-las em ações concretas de melhoria da comunidade. Participaram da visita a promotora de Justiça Lívia Vaz acompanhada por servidores do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAODH) e da Central de Assessoramento Técnico Interdisciplinar (Cati).

Foto: Reprodução/MP - BA
Foto: Reprodução/MP - BA
Durante a abertura, representantes da comunidade destacaram a importância do Quilombo Quingoma como território de resistência. O encontro reuniu mulheres, crianças e representantes da comunidade em um dia inteiro de atividades, trocas de saberes e escuta ativa, com o objetivo de debater medidas para a promoção da justiça social, a equidade racial e o reconhecimento da cultura quilombola. A promotora de Justiça Lívia Vaz afirmou que a iniciativa visa também enfrentar a invisibilidade histórica dessas comunidades dentro do Sistema de Justiça. “As comunidades quilombolas sofrem um processo histórico de violação dos seus direitos humanos e desvalorização da sua cultura, identidade, ancestralidade e memória. A Bahia tem a segunda maior população quilombola do Brasil. O que nós queremos com o projeto ‘Mãe Bernardete’ é desenvolver uma escuta ativa dessas comunidades, acreditando que a Justiça não se constrói para as pessoas, mas com as pessoas”, declarou a promotora de Justiça.

Foto: Reprodução/MP - BA
Foto: Reprodução/MP - BA
Ela complementou que, a partir das visitas às comunidades, o MPBA elabora relatórios técnicos com as principais demandas e potencialidades locais, que são encaminhados posteriormente aos órgãos públicos e às Promotorias de Justiça competentes, para que medidas concretas sejam adotadas. Para a moradora quilombola Rosimeire Nascimento dos Santos, o encontro reacende a esperança da comunidade. “Minha expectativa com essa ação de hoje é que nossas demandas sejam atendidas e que tenhamos a tão sonhada titulação para garantir acesso às políticas públicas voltadas ao povo quilombola”.

A programação do evento contemplou apresentações do Instituto Juristas Negras e do projeto Mãe Bernadete, seguido por um almoço coletivo preparado por mulheres da cozinha comunitária. No período da tarde, atividades simultâneas foram realizadas com diferentes grupos. Crianças participaram de contação de histórias e oficina de bonecas Abayomi, enquanto as mulheres da comunidade estiveram no Círculo Reflexivo para Mulheres, que tratou de temas como maternidade, resistência e autocuidado. Em seguida, uma roda de conversa intergeracional reuniu mães e filhos para dialogar sobre ancestralidade e respeito entre gerações. O encerramento foi marcado por uma celebração com samba de roda do grupo Renascer do Quingoma.

Foto: Reprodução/MP - BA
Foto: Reprodução/MP - BA
Apesar da riqueza cultural e histórica, o Quilombo Quingoma enfrenta sérios desafios estruturais. A comunidade reconhece uma área de 1.284 hectares, enquanto o município de Lauro de Freitas reconhece apenas 284 hectares, o que impacta diretamente a luta pela titulação do território. Além disso, a população de aproximadamente 650 famílias sofre com a precariedade dos serviços públicos. Não há saneamento básico, o acesso à saúde é limitado a postos localizados fora do quilombo, o transporte escolar é instável e as estradas são de terra. A comunidade também denuncia o avanço descontrolado de empreendimentos imobiliários no entorno, o que ameaça a agricultura local, principal fonte de sustento das famílias. Outro problema citado é a construção de uma estrada próxima ao Hospital Metropolitano, que afeta diretamente o território quilombola.

Foto: Reprodução/MP - BA
Foto: Reprodução/MP - BA
O Julho das Pretas segue com programação até o fim do mês. Hoje, dia 28, o MPBA realiza uma formação de Afroempreendedorismo Feminino, no Restaurante Sette; e amanhã, dia 29, das 15h às 17h, acontecerá o espetáculo “Sobejo”, com a atriz Eddy Veríssimo, no Salão Nobre do MPBA.

Crédito das fotos: Humberto Filho/Cecom MPBA